Teatro em Belo Horizonte, uma história mui antiga

por Vanessa Arruda

Quando a diversão teatral ficava ao encargo da antiga cidade de Curral Del-Rei, nos últimos anos do século XIX, os habitantes improvisavam palcos para ensaios e encenação de peças teatrais. Atraídos pelos rumores da construção da nova capital em Minas Gerais, em 1895, o grupo teatral do espanhol Félix Amurrio veio à cidade com a intenção de realizar ali uma temporada. O grupo conseguiu apoio dos comerciantes e moradores locais para a construção de um teatro provisório. Construiu-se então na rua Sabará o espaço de teatro “Provisório”, que durou dois anos.

Em 1899 um prédio antigo da cidade, na avenida do Comércio, foi transformado no novo teatro da cidade, mas esse também não durou muito tempo. A prefeitura da Cidade de Minas, a capital mineira fundada em 1897, recebeu em 1899 a sugestão do industrial e construtor de edificações públicas, da capital, Francisco Soucasseaux, para a construção de um novo teatro. A sugestão foi aceita e entre as ruas Goiás, da Bahia e a Avenida Afonso Penna, o teatro Soucasseaux foi construído.

Em julho de 1901 a capital foi rebatizada como Belo Horizonte, por suas riquezas naturais e pela falta de sucesso do nome anterior. Em 1906 o teatro Soucasseaux que funcionava em um galpão amplo de zinco começou a ser transformado no Teatro Municipal de Belo Horizonte.

Em 1908 foi inaugurado o Cine Teatro Comércio, entre a rua dos Caetés e São Paulo, no centro da capital mineira. O espaço foi muito usado para exibição de filmes mudos, apresentações teatrais, palestras e formaturas, por seu grande espaço físico.

Um ano depois, em 1909 com muita alegria foi celebrada a inauguração do Teatro Municipal, no dia 21 de outubro. Para peça de estréia foi encenando o espetáculo Magda, de Sundermann, pela companhia Nina Sanzi. Em 1941, o teatro foi comprado pelo coronel Juventino Dias que o transformou no Cine Metrópole, demolido em 1983 dando lugar a uma agência do Banco Bradesco.

Na década de 40 o então prefeito Juscelino Kubitschek em parceria com o arquiteto Oscar Niemayer projetam um moderno e majestoso teatro no parque municipal da cidade. Com o fim do mandato de Kubitschek e as obras do grande teatro paradas, por falta de verba, o atual prefeito de Belo Horizonte, Américo Renné Gianetti, viu a emergencial necessidade da construção de um teatro. Mandou construir então um “Teatro de Emergência”, também no Parque Municipal, mais tarde renomeado de Teatro Francisco Nunes. Tão logo teve sua inauguração, o teatro passou a ser referência cultural da cidade, trazendo a Belo Horizonte inúmeros espetáculos e orquestras de renome ao redor do mundo.

Como propriedade da Cruz Vermelha foi também inaugurado no ano de 1964 o Teatro Marília, sendo nas décadas de 1960 e 1970 referência e ponto de encontro para artistas, intelectuais e boêmios, afirmando-se como importante espaço teatral no circuito nacional.

Só em 1971 a obra de Kubitschek e Niemayer conseguiu ser finalizada. O espaço então foi nomeado de Palácio das Artes, que logo se destacou pelo alto nível das produções nele apresentadas.

Desde o final dos anos 1970 até os dias atuais, Minas Gerais também passou a se destacar na cultura nacional através da formação de diferentes grupos teatrais, de dança e de teatro de bonecos. Entre eles, ganharam grande projeção grupos de dança como o Grupo Corpo, que todos os anos excursiona a sua temporada por diferentes países, Cia de Dança do Palácio das Artes, 1º Ato, grupos de teatro como o Grupo Galpão e o Espanca! e de bonecos, como o Grupo Giramundo e o Armatrux.

Regularmente acontece na capital grandes eventos que têm o objetivo de difundir as artes-cênicas produzidas no estado, bem como trazer grandes atrações de outros estados e países, a serem exibidos em solo mineiro. Dessa forma destacam-se a "Campanha de Popularização do Teatro e da Dança", o FMCB - Festival Mundial de Circo do Brasil, FID - Fórum Internacional da Dança, FIT - Festival Internacional de Teatro, FAN - Festival de Arte Negra e o Verão Arte-Contemporânea.

O ator Geraldo Cappeta lamenta que o teatro seja divulgado apenas na Campanha de Popularização e no FIT. Ele sente a falta de uma emissora de TV local que valorize o trabalho artístico em Minas. “Há uma supervalorização dos artistas nacionais e ‘globais’ e por isso que em Belo Horizonte o teatro só tem público em campanha de popularização.”. Acrescenta ainda que “Falta resgatar o verdadeiro significado do teatro, como o compromisso com o pensamento, com a história, valores e o poder de transformação”.

Fica então a esperança, para nós mineiros, que Minas possa vir a ser mais bem reconhecida no âmbito artístico no país e fora dele. Que a população consiga perceber que o nosso teatro vai além da Campanha de Popularização e do Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua.

Fora o período das campanhas ficam em exibição diversas peças, para os mais variados gostos, em vários espaços cênicos da cidade, a preços populares. Algumas vezes o preço é mais acessível que durante as campanhas, que tem um preço tabelado para todas as apresentações.
Fonte:http://vaarruda.multiply.com/journal/item/8