Cuidado: Frágil









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CUIDADO: FRÁGIL! trat
a de situações extremas, de absurdos da vida real.
Uma metrópole qualquer, alta noite, uma chuva fria que insiste em cair. Ruas, avenidas, a rosa-dos-ventos, caminhos a serem trilhados. A possibilidade do encontro. Os inevitáveis desencontros. Assim emergem seis histórias. Seis personagens e suas dores. As dores do mundo. A reunião do fugidio. Pontos de vistas dos que compõe esta madrugada de tempestade sobre as chagas do mundo pós-moderno.
Um guitarrista, surdo e mudo, que encontra na música sua expressão de desejos e sonhos frustrados. Uma mulher asmática e neurótica, que sofre violência doméstica, mas que vê de maneira excessivamente divertida a vida e tudo que a cerca. Um travesti que usa a condição de travestido para se esconder do mundo e que perde sua identidade quando o dia nasce. Uma menina que, vítima de exploração sexual, tem sua infância interrompida por uma gravidez inesperada. Um ser vadio que é invisível aos olhos dos “gigantes” e que sofre por ser vegetariano. Um feto que, prestes a ser abortado, canta canções de ninar para sua mãe dormir. Perfis absurdos, mas que foram criados para nos dizer quão próximos somos deles.
Um espetáculo que, fragmentado, proporciona ao público uma maneira diferenciada de fruir o que lhe é contado. CUIDADO: FRÁGIL! é constituído por cinco solos e conduzidos pelos devaneios de um personagem central.
A Cia da Farsa coloca em cena um espetáculo permeado de metáforas sobre a caótica vida pós-moderna. Violência, solidão, depressão, medos, fobias, incomunicabilidade, falta de afetividade, angústia, marginalidade, dores físicas e psicológicas, brutalidade, impotência diante dos fatos. Ao todo, são seis histórias paralelas e que só se cruzam para sofrerem interferências, para serem desmentidas, desorientadas, desconstruídas, reorganizadas. São ecos do passado rememorados pelas personagens que não procuram justificativas ou respostas para seus sofrimentos, mas apenas a necessidade da expressão, num mundo onde cada vez mais vozes dissonantes são gritadas a esmo, não são ouvidas.
Os absurdos da violência humana sempre estão estampados nas manchetes dos jornais, nas páginas policias, mas as ignoramos por julgarmos que estamos distantes destas possibilidades de violência, mas, na realidade, estamos cada vez mais próximos dela e quase sempre somos nós mesmos os agressores e não a vítima. A violência se alastra feito rizoma, num incrível e triste efeito dominó. CUIDADO: FRÁGIL! põe em questão: quais são as raízes da violência atual que nos cerca por todos os lados e que nos encarcera? Somos vítimas ou carrascos? O poder de construção é igual ao poder de destruição? Para que evolução e progresso fabuloso na ciência e na tecnologia se não há evolução e progresso no coração humano?
Mais do que um novo espetáculo, CUIDADO: FRÁGIL! é um grande passo artístico e um divisor de águas para a Cia da Farsa. Companhia reconhecida por trabalhar com textos prontos, fechados, principalmente clássicos da comédia popular brasileira, agora, com este trabalho, a Companhia pretende investigar, experimentar as possibilidades do processo colaborativo, de uma dramaturgia híbrida, ora construída pelos próprios atores ora dialogando com autores da literatura moderna e contemporânea como Caio Fernando Abreu, Conceição Evaristo, Luiz Ruffato, Mia Couto, Miguel Torga, Raduan Nassar e Samuel Beckett. Com mais autonomia, alguns atores escrevem seus próprios textos, inspirados ou baseando-se em histórias pessoais sobre experiências vividas acerca dos temas propostos no espetáculo. Outros servem-se da intertextualidade com a literatura como sustentação de suas narrativas. Em CUIDADO: FRÁGIL! defendemos a presença, a força viva do ator no palco. Essencialidade do instrumental criador e essencialidade do discurso. A dramaturgia e a direção, assinadas por Mauro Júnior, procuram uma encenação árida, minimalista, com medida sofisticação estética, para assim, o foco estar diretamente nas atuações e no que é narrado.
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FICHA TÉCNICA
dramaturgia final, direção, iluminação
Mauro Júnior
textos
Alex Zanonn, Anderson Feliciano, Anderson Vieira, Athos Reis, Elton Monteiro, Lao Borges, Marcus Labatti, Mauro Júnior e Sidneia Simões
intertextualidade com
Caio Fernando Abreu, Conceição Evaristo, Luiz Ruffato, Mia Couto, Miguel Torga, Raduan Nassar, Samuel Beckett e com o diário de uma menina.
atuação
Alex Zanonn, Athos Reis, Elton Monteiro, Marcus Labatti, Sidneia Simões e Simone Caldas
vozes em off
Alexandre Toledo e Mauro Júnior
figurino
Fernanda Borcsik
maquiagem
Marcia Carvalho
edição de áudio
Daniel Lopes
projeto gráfico
Alex Zanonn
fotos
marcus Ikeda
produção executiva
Alexandre Toledo
assistência de produção executiva
Marcus Labatti
realização
Cia da Farsa